Miguel Ventura Terra 1866-1919 Arquiteto, urbanista e político |
Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas do Minho, Caminha, a 14 de Julho de 1866.
Frequentou o curso de Arquitetura da Academia Portuense de Belas Artes entre 1881 e 1885.
Em 1886, como pensionista do Estado na classe de Arquitetura Civil, viajou até Paris. Nesta cidade estudou na École Nationale et Speciale des Beaux-Arts, onde alcançou o diploma de Arquiteto de 1ª classe do Governo Francês, e no atelier de Victor Laloux (1850-1937).
Em 1894 ficou em segundo lugar no concurso para o Monumento do Infante D. Henrique, no Porto.
Regressou a Portugal em 1896. Neste ano foi nomeado arquiteto de 3ª classe da Direcão de Edifícios Públicos e Faróis e triunfou no concurso internacional para a reconversão do Palácio das Cortes das Cortes na Câmara dos Deputados e Parlamento, em Lisboa.
É autor de palacetes, de habitações de rendimento mais qualificadas, essencialmente na capital, construções ecléticas, cosmopolitas e utilitárias, mas também de importantes equipamentos urbanos como a primeira creche lisboeta (1901), da Associação de Proteção à primeira Infância, a Maternidade Dr. Alfredo da Costa (1908) e os liceus Camões (1907), Pedro Nunes (1909) e Maria Amália Vaz de Carvalho (1913).
MMiguel Ventura Terra projetou, igualmente, dois pavilhões da representação portuguesa na Exposição Universal de Paris de 1900 (Pavilhão das Colónias Portuguesas e Pavilhão de Portugal) , bem como o pedestal do monumento ao Marechal Saldanha, com o escultor Tomás Costa (1900), a Sinagoga Portuguesa Shaaré Tikvah ou Portas da Esperança, inaugurada em 1904 na Rua Alexandre Herculano, o edifício do Banco Totta & Açores, na Rua do Ouro (1906), naquela que constitui a primeira intervenção moderna na baixa pombalina, o Teatro Politeama (1912-1913), representativo da Arte do Ferro, em Lisboa, e o primeiro projeto para o Palace Hotel de Vidago, em Chaves.
No Minho, além de projetar a Basílica de Santa Luzia, de Viana do Castelo (de 1903, depois terminada por Miguel Nogueira), dirigiu as obras de beneficiação no Palácio e Parque da Brejoeira, em Monção, após a compra do imóvel pelo conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo, em 1901. Desenhou o Teatro Club (1911), atual Museu Municipal, e o Hospital Valentim Ribeiro (inaugurado em 1916), em Esposende. Na Póvoa de Varzim é-lhe atribuído o Mercado do Dr. David Alves (inaugurado em 1904).
Foi ainda autor de casas de veraneio no Monte Estoril, em Cascais, como as quatro habitações geminadas na rua do Pinheiro- casas Júlia, Luísa, Hermínia e Otília, números 4 a 8 (1900), para Henriques dos Santos; a casa na rua de Nice, de J. M. de Abreu Valente (1908) e a casa do General Adriano Augusto de Pina Vidal, na rua de Bicesse (atual avenida dos Bombeiros Voluntários); e gizou um projeto, nunca executado, do Splendid Hotel, para Cascais.
Alcançou quatro vezes o Prémio Valmor de Arquitectura (1903, 1906, 1909 e 1911) e uma Menção Honrosa, no mesmo concurso (1913).
Todas as obras denotam o gosto do artista por uma monumentalidade não exacerbada, por fachadas assimétricas e pela utilização de novos materiais.
Também trabalhou na área do urbanismo. Concebeu projetos para o parque Eduardo VII, em Lisboa, planos para a zona ribeirinha da capital (1908) e o plano de urbanização do Funchal (1915).
Miguel Ventura Terra foi um dos grandes responsáveis pela criação da Sociedade dos Arquitectos Portugueses (iniciada em 1898, instituída em 1902 e em atividade a partir de 1903), um dos antecedentes da atual Ordem dos Arquitectos, e da qual foi o primeiro presidente. Exerceu o cargo de vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais e foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa (1908-1913).
Era amigo de escritores e intelectuais como Ramalho Ortigão (1836-1915) e de artistas como o escultor António Teixeira e o seu irmão, o arquiteto José Teixeira Lopes, e dos pintores Tomás da Anunciação (1818-1879) e José Maria Veloso Salgado.
Este artista, republicano e maçon, morreu na cidade de Lisboa a 30 de abril de 1919.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2009)